15 de agosto de 2013

- Anderson? - perguntei assustada e ainda estatelada no chão - O que você está fazendo aqui?
Ele me analisou por um segundo, e entrou no quarto. De um pulo me levantei e fechei o laptop antes que ele pudesse ver alguma coisa.
- Tem alguma coisa ai que eu não possa ver? - Ele perguntou intrigado.

- Claro que não, mas você não respondeu minha pergunta, e aliás, como foi que entrou aqui? A casa estava trancada.
 Ele se aproximou um pouco mais de mim antes de responder. Eu estava começando a ficar nervosa com tanta proximidade, sempre que estávamos a sós ele fazia mais uma tentativa.
- Nós combinamos de ir ao cinema hoje, mas parece que você esqueceu - o desapontamento estava na voz dele - E a porta estava destrancada, só para você saber, então toma mais cuidado da próxima vez, poderia ter sido outra pessoa ao invés de mim.
Na questão perigo dava no mesmo, mas não iria dizer isso. Como é que eu podia ter deixado a porta destrancada? Vasculhei na minha mente e lembrei que mais cedo tinha recebido a roupa da lavanderia. Só podia ter sido isso, estava tão ocupada com a roupa nos braços que esqueci de trancar a porta depois que paguei a mulher que as trouxera.
- Nossa Anderson, esqueci mesmo. Me desculpa? Tinha tanta coisa na minha cabeça que acabei não lembrando.
Ele me laçou pela cintura
- Que horas começa a sessão? - Perguntei tentando me desvencilhar de seu abraço, mas isso só fez ele me apertar ainda mais forte para que eu não fugisse, pelo visto isso ia terminar mal, muito mal.
- Esqueça o filme, tenho outra ideia e muito melhor, vamos aproveitar que estamos sozinhos aqui e resolver nossas pendências.
Dei um leve pisão no pé dele, e consegui me soltar.
- Que pendências?
Eu sabia, eu sabia que ele ia tentar de novo. Agora era o momento certo para terminar esse namoro que já deu o que tinha de dar.
- Você sabe muito bem do que estou falando Melanie, não se finja, esse seu joguinho infantil para mim já deu.
Essa era a oportunidade perfeita, se não fosse agora, não seria mais.
- Então já que é assim, você sabe o que penso. Nós deveríamos...
- Ir para o cinema - Ele completou antes que eu pudesse terminar de falar - por sorte vim para cá com meia hora de antecedência e ainda dá tempo você se arrumar.
O quê? Não, nós não iríamos ver filme nenhum, isso tinha que acabar aqui e agora.
- Anderson você sabe o que é melhor para nós dois, você vai continuar insistindo e eu já disse que não estou pronta, então nós...
Ele pegou minha mão e a beijou, isso era algo diferente, geralmente ele não tinha esse tipo de comportamento comigo.
- Mel, não posso perder você por causa de uma besteira como essa, eu já tinha decidido muito antes de vir para cá, que quando tivesse a oportunidade faria uma última tentativa e se você não correspondesse, iria parar com isso. Você não tem ideia de como é importante para mim, não é? Eu sei que tenho sido um chato por ficar te pressionando, mas acabou, se um dia tiver de rolar, vai ser naturalmente sem forçar a barra.

Como é que de quase um fim de namoro, eu tinha passado para uma declaração de amor?

- Anderson, eu não sei nem o que dizer... você... você sabe...
Ele segurou minhas duas mãos e as colocou em seu peito.
- Não me precisa me dizer nada Mel, vamos recomeçar a partir daqui? Vou esperar lá na sala enquanto você se arruma - Ele beijou minha testa e saiu do quarto fechando a porta atrás de si.

Sentei-me na cama atônita, era coisa demais para processar. Primeiro eu quase fui pega no flagra escrevendo no meu diário virtual, depois fui encurralada, quase terminei meu namoro e no fim ganhei uma declaração de amor? Realmente o dia estava louco hoje.

Agora eu precisava me decidir se ia dar ou não uma nova chance ao Anderson, afinal de contas, ele era muito especial e era a única pessoa com quem eu podia contar quando me desentendia com minha mãe. Não precisei pensar muito, para saber qual era minha resposta, eu era uma besta mesmo.
Estava decidido, eu daria mais uma chance, no primeira tentativa dele de "resolver nossas pendências", terminaria tudo.

Vinte minutos depois eu estava pronta e indo em direção à sala. Não demorei escolhendo roupas ou tentando ficar o mais bonita possível, peguei a primeira coisa que vi no armário, me vesti e saí.

- Valeu a pena ficar esperando ficar esperando, você mais linda do que nunca - Ele disse levantando-se do sofá e vindo ao meu encontro, assim que entrei na sala.
- Obrigada - Disse meio sem graça, talvez essa história de segunda chance não fosse dar mesmo certo, se eu não sabia como me comportar perto dele, como é que íamos namorar?
- Posso? - Ele perguntou mais próximo a mim.
O que é que estava acontecendo? Ele estava mesmo perguntando se podia me beijar? Tinha algo muito errado acontecendo por aqui, mas o que era, eu não sabia.
- Claro
Lentamente ele encostou os lábios nos meus, como se fosse a primeira vez que nos beijássemos, foi diferente das outras vezes, foi eletrizante, não uma coisa morta como antes. Fiquei tensa e nervosa, acho que no fim das contas, eu ainda gostava dele, só estava adormecida pelo tempo.

*** *** *** *** *** *** *** *** ***

Depois do cinema, resolvemos ir para a mesma cafeteria em que havíamos tido nosso primeiro encontro, dois anos atrás, só que dessa vez não iriamos fazer resenha de livro nenhum, até porque fazia muito tempo que tinha lido um.
Para ser sincera, estava achando muito meigo e romântico da parte dele, esse nosso passeio pelo passado, mas isso já estava me cansando, não tinha mais paciência para esse tipo de coisa. 
Coisas calmas não faziam mais meu estilo como no passado, agora eu queria correr riscos, sentir a adrenalina em minhas veias, e fazer coisas que em o perigo fosse eminente. Como o bung jump, por exemplo.

Conversamos pouco enquanto bebíamos nossos cappuccinos, não que não surgissem assuntos, mas o silêncio era agradável e preferimos apenas nos olhar.

Ainda quis prolongar mais o encontro, convidando-o para uma balada que começaria em duas horas, tempo mais que suficiente para trocar de roupa, mas Anderson recusou, disse que pretendia terminar alguns deveres da escola, mesmo sendo sexta à noite.
Fingi acreditar na desculpa esfarrapada e me despedi dele na porta de casa. Tinha alguma coisa muito estranha acontecendo e ele estava me escondendo algo, mas não tardaria para eu descobrisse o que era, porque era uma ótima detetive quando me empenhava para isso.
E esse mistério não ficaria sem resposta por muito tempo.

Subi os degraus e entrei em casa, me deparando logo na sala com uma cena inesperada, várias malas estavam no cômodo e minha mãe vinha  da escada com mais uma.

- O que está havendo aqui mamãe? - Perguntei observando enquanto ela colocava a mala junto das outras.
-Seu pai e eu brigamos antes dele viajar - Ela disse com a voz inexpressiva - Estou colocando ele para fora de casa.
- O quê?? - Estava incrédula, meus pais estavam juntos há mais de vinte anos e nunca brigavam, o que quer que tivesse acontecido tinha sido sério.

Ela se sentou no sofá e respirou profundamente.

- Eu... eu descobri...
-Descobriu o que mãe?
-Que seu pai está me traindo com um homem

Segurei-me no encosto da cadeira para não cair.










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Olá amores, sintam-se à vontade aqui no meu mundinho que compartilho com vocês. Aqui irão encontrar de tudo um pouco, desde capítulos dos meus próprios livros, resenhas dos livros que leio, e-book, um pouco de moda [apenas um pouco mesmo] e claro os meus desabafos, vez por outra eu uso o blog como confidente, então não estranhem. He he he

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