10 de setembro de 2013

*** *** *** ***
- Mel - Liz chamou-me baixinho da cadeira atrás da minha, para que a professora não pudesse ouvir
Fingi não ter escutado.
- Mel - Ela tentou de novo - Qual a resposta do 3? Me diz por favor, eu não sei.
Estávamos fazendo uma prova de biologia, que por sinal, era minha matéria preferida, mas não era o forte da minha amiga Liz. Ela sempre me pedia as respostas da prova, porque nunca estudava, ela detestava biologia, só que eu já estava cansada de ser boazinha com todo mundo, minha vida estava um tédio, além de estar uma bagunça desde que meu pai havia sido expulso de casa.

Não só a Liz me pedia respostas nessa matéria, como também Chris e algumas outras meninas que mal falavam comigo, devo confessar que apenas para minhas amigas eu dava a resposta certa, para as outras eu passava uma resposta que não tinha nada a ver com a questão, só que como elas não tinham estudado não percebiam, e ninguém jamais desconfiaria que a angelical Melanie, uma estudante aplicada fosse dar a resposta errada a alguém, ela era muito boa e ingênua. 
Errado, muito errado. Eu não era boba, muito menos angelical, mas me divertia fazendo os outros acharem que sim, assim era mais fácil fazer minhas pequenas maldades sem que ninguém desconfiasse. Prova disso é que desta vez eu não respeitei nem minhas amigas e passei a resposta errada para Liz.

- A resposta do 3 é c - Menti, a resposta verdadeira era d. Eu já tinha terminado a prova, mas ainda não tinha tido coragem de entregar porque ninguém tinha feito isso ainda. Eu detestava entregar a prova antes de todo mundo.
- E a do 5?
- b - era c.
- Só falta o 6, por favor?
- d - era b.
Liz levantou-se da cadeira e entregou a prova a Sra. Petterson, nossa professora. Logo em seguida Chris fez o mesmo, o que deixou claro que a Liz tinha passado as respostas para ela também. Fiquei na sala por mais tempo e só sai quando restavam apenas alguns alunos.
No dia seguinte quando recebemos as notas, e minhas amigas viram a diferença entre as questões que nós havíamos marcado, inventei que depois que elas haviam saído tinha relido a prova e visto que tinha marcado errado algumas questões, e como elas já tinham ido embora, não podia fazer nada para ajudá-las. Como sempre, acreditaram em tudo cegamente, e eu ainda era a ingênua da história.


Sorri ao lembrar disso, enquanto me aninhava nos braços de Anderson no sofá. Estávamos assistindo um filme na minha casa, mas como eu não conseguia prestar atenção deitei a cabeça em seu ombro e fiquei pensando nos últimos acontecimentos. Esse episódio da prova tinha sido na semana passada, mas eu não conseguia parar de pensar nele, porque mesmo tendo feito algo que eu queria, às vezes me sentia mal. Claro, isso não durava muito, a sensação de ter passado alguém para trás era mais dominadora.
Já fazia quase um mês que meu pai havia sido expulso de casa, e eu ainda não tinha conseguido convencer minha  mãe a aceitá-lo de volta, isso estava acabando comigo, literalmente. Era um saco ter que ir visitá-lo escondido no apartamento que estava morando, para que mamãe não descobrisse, se ela soubesse que eu o estava vendo, certamente me proibiria de sair de casa, só para não ter oportunidade.

Anderson continuava esquivo na frente de outras pessoas, mas quando estávamos sozinhos ele era o namorado mais carinhoso e atencioso do mundo. Ainda não tinha conseguido descobrir com quem ele estava me traindo, mas pelo menos não estava enganada quanto a este fato. Sei que qualquer outra garota já teria terminado com ele, principalmente quando eu já queria fazer isso antes, mas é que com tudo que estava acontecendo comigo, ele era a única pessoa em quem eu podia me apoiar para suportar.
Como agora, em  que ele me consolava após mais uma briga com minha mãe por pedir que ela desse mais uma chance ao meu pai. Logicamente eu não tinha contado a ele o verdadeiro motivo da discussão, mas o que valia era estar tendo algum tipo de apoio de alguém, quando tudo estava contra você.

O filme já estava quase no fim, mas eu não me importava de fazer o Anderson perder o final, por isso delicadamente puxei seu rosto em minha direção e o beijei. Decidi provocá-lo com beijos suaves, instigando-o a beijar-me de verdade. E foi o que ele fez, diferentemente de quando estávamos no refeitório rodeados de pessoas e ele correspondeu e afastou-se rapidamente, agora Anderson me beijava com uma ferocidade animal, acho que fingir que não é meu namorado na frente dos outros não estava sendo fácil para ele.

Dessa vez, fui eu que me afastei primeiro, em busca de ar, nos beijamos por tanto tempo que acabei perdendo o fôlego.
- Preciso ir Mel - Ele disse logo depois, levantando-se do sofá. Agora era sempre assim, ele não passava mais do que duas horas comigo e dizia que tinha que ir embora. Por vezes cogitei a hipótese de segui-lo, mas acabei desistindo. Hoje seria diferente.

- Tudo bem. Nos vemos amanhã na escola então.
- Simples assim? Não vai nem pedir para eu ficar mais um pouco?
- Estou um pouco cansada mesmo, então é até melhor você ir agora. - Bocejei para me expressar melhor.
Ele se inclinou para me dar um último beijo e se dirigiu para porta. Observei da janela enquanto ele passava pela calçada e esperei que enrolasse a esquina para sair de casa.
Para minha surpresa, Anderson foi direto para casa, deixando-me ao mesmo tempo aliviada e decepcionada. Eu esperava descobrir com quem ele estava me traindo, mas pelo menos ele não estava mentindo dessa vez.

- Melanie? - Uma voz conhecida me chamou. Virei-me e dei de cara com o meu pai.
- Pai? - Perguntei surpresa - O que você está fazendo aqui?
- Eu que deveria perguntar isso filha. Por acaso estava seguindo seu namorado?
- Bem... Você ainda não respondeu minha pergunta
- Nem você a minha - Ele pegou minha mão - Que tal conversarmos melhor naquele café? - E dirigiu o olhar para o Hotties, o lugar onde eu havia comemorado meu primeiro e depois tantos outros meses de namoro. Com certeza, esse era o melhor café da cidade e Anderson adorava me levar lá, pelo antes, já que fazia um bom tempo que não saíamos juntos.
- Ótimo - Eu disse e nos dirigimos para lá.

Pedi o mesmo da última vez que estivera ali, há quase um mês, no dia em que quase terminei meu namoro e no fim ganhei uma declaração de amor, que de nada valia, já que meu suposto namorado estava me traindo sem pudor.

- Então pai, o que você estava fazendo em frente a casa do meu namorado? - Perguntei assim que o garçom deixou nossos pedidos.
- Eu estava indo te ver em casa, já que nesse horário sua mãe ainda está no trabalho. Estava no carro tomando coragem, quando vi seu namorado sair lá de casa, pouco tempo depois você saiu também e foi na mesma direção que ele, então te segui. Agora me diga filha, por que você seguiu seu namorado até a casa dele?

Era hora de me abrir com alguém, e quem melhor que o meu pai para isso? Ele entendia bem quando o assunto era traição, talvez pudesse me dizer o que fazer.
Respirei fundo, tomei um gole do meu cappuccino e disse:

- Pai o Anderson está me traindo. Eu tenho certeza, embora ainda não tenha comprovado. Ele anda esquivo, se afasta de mim na frente das outras pessoas como se não quisesse que alguém nos visse juntos e da última vez que o beijei em público, no refeitório, ele se afastou tão rápido que parecia que eu tinha alguma doença contagiosa. O que só me leva a crer que seja com alguém da escola. O segui hoje porque queria descobrir quem era, só que ele foi para casa, assim como me disse que faria, então continuo na mesma.

Falei tão rápido que quase perdi o ar. Mas ah! como era bom desabafar com alguém real e não somente por escrito na internet com desconhecidos.

- Nossa filha, até você está passando por complicações? Eu não queria que esse tipo de coisa acontecesse com você, minha princesinha. Mas se você tem toda essa certeza por que não terminou com ele ainda?

E de novo tudo voltava para essa simples pergunta que às vezes nem eu sabia responder. É difícil largar o osso, sabe?

- Nem eu sei porque pai, mas ele é o único em quem posso me apoiar para suportar essa sua história com a mamãe.

Ele se segurou, mas vi que estava com vontade de chorar. Todos estávamos sofrendo, por que a mamãe não aceitava ele de volta, poxa?

- Acho que é melhor irmos embora. Vou pedir a conta. 
- Não. Espera um pouco pai. Me conta o que está sentindo. Se abre, como eu me abri com você. 

Esperei e esperei para ver se ele diria alguma coisa e quando pensei que finalmente pediria a conta e eu ficaria sem saber nada, ele falou:
- Estou sentindo falta de casa, de você, da sua mãe. Em todos esses anos nunca pensei que o que sentisse por ela fosse amor, mas agora que estou longe não consigo parar de pensar em vocês, em como são importantes para mim. Nada para mim vale, se não tiver minha família comigo. Mas sua mãe não acredita em mim, ela pensa que a enganei todos esses anos, mas isso não é verdade. E essa recaída só me fez ver que isso não é o que eu quero pra mim.

Ele não conseguiu mais se segurar e deixou que as lágrimas caíssem. Não aguentei e desabei também. Éramos dois chorões mesmo. O abracei enquanto chorávamos e logo me senti melhor. Era tão bom estar com o meu pai.
Depois que nos acalmamos, ele pagou a conta e me levou para casa, mas parou no final da rua para que a mamãe não o visse. Já era hora dela estar em casa, e ele não estava preparado para um confronto. Me despedi e ele me observou de longe até que entrasse em casa, para poder ir embora.

No final das contas mamãe ainda não tinha chegado e só chegou uns 10 minutos depois que eu tinha me trancado no quarto. Pelo menos não tinha perigo dela ter visto que eu tinha vindo com meu pai.


*** *** *** *** *** 
No dia seguinte, na escola, resolvi dar o troco em Anderson, se ele fingia que não éramos namorados na frente dos outros, eu também fingiria. Na hora do almoço, fui para a mesa e me sentei longe dele, depois que terminei de comer saí sem dizer para onde ia e fui para a biblioteca. Tinha esquecido meu laptop em casa, mas não queria ficar longe do meu blog. 
Ele tinha crescido muito em tão pouco tempo, já eram mais 100 seguidores e cada vez mais comentários sobre o que eu escrevia. Era tão bom saber que as pessoas estavam acompanhando minha história e se identificando com ela.
Sentei-me em frente ao computador e esperei enquanto a internet carregava. Eu estava sozinha, porque nesse horário ninguém ia na biblioteca, já quase não iam no horário que deveriam, quanto mais na única hora que tinham de descanso.
Digitei o endereço do meu blog, mas rapidamente fechei a janela quando ouvi passos se aproximarem.

Virei-me na cadeira e dei de cara com... 
Kelvin Smith, o cara mais chato de toda a escola, ele se achava o tal só porque o pai dele era rico.

- Mas o que é que temos aqui? - Ele disse quando me viu - A garota mais burra de toda a escola, que faz de tudo para agradar a todos.

O ignorei e fingi que estava pesquisando alguma coisa, clicando em um link aleatoriamente.

- E ai já superou o fim o namoro, ou está chorando pelos cantos?

Peraí. Ele tinha falado em fim de namoro?  Mas eu ainda estava namorando, parece que finalmente tinha encontrado uma fonte para obter as respostas que tanto queria.

- Do que é que você está falando? - Disse fingindo não saber do que se tratava.
- Ah, Mel não se finja! Ninguém mais vê vocês juntos e o Anderson mudou o status do Facebook dele.

Como assim o Anderson tinha mudado o status do Face dele? Já tinha alguns dias que eu não entrava com frequência no meu Facebook, passando apenas para ver as atualizações das minhas amigas e curtir e vê se alguém tinha deixado algum recado para mim no bate-papo. Mas em nenhum momento vi que eu meu namorado tinha mudado o status de relacionamento. Eu deveria ter sido mais atenta, mas não fui. E pelo visto este garoto arrogante não ia me dar nenhuma dica sobre o que eu queria saber.

- Isso não é da sua conta Kelvin - Falei rispidamente - Vá azucrinar a vida de outra pessoa e me deixe em paz.
- Então vocês terminaram mesmo esquentadinha?
- Por que você está tão interessado na minha vida, hein? Anderson e eu estamos muito bem, obrigada, agora se manda.

Ele me olhou por um instante e pareceu que ia dizer alguma coisa, mas desistiu. O que eu tinha feito para merecer esse chato no meu pé?
Quando finalmente os passos dele desapareceram no corredor, me certifiquei de que não havia mais ninguém por perto e entrei no meu blog.
Agora estava havendo mais visualizações e os comentários haviam aumentado, por isso, sempre que postava alguma coisa checava os comentários para ver o que as pessoas estavam achando do que eu tinha  escrito.
Fui rolando a tela e lendo, eram coisas do tipo: Adorei o que você escreve ou Você consegue traduzir o que realmente sentimos, parabéns, mas um comentário em especial me chamou atenção. Era de um menino chamado Frederick Mason que escreveu o seguinte: Nunca tinha visto uma garota falar com tanta sinceridade sobre sua vida pessoal, e ainda ter a coragem de expor isso na internet Você consegue se comunicar bem e refletir o que no fundo todos nós adolescentes sentimos. Leio tudo que você posta e estou tentando ter essa mesma coragem sua, e ser sincero também, mas é difícil, você sabe bem como é, e principalmente quando já se tem toda uma fama sobre você...

Não sei por que, mas o que esse garoto escreveu mexeu comigo. Além de desabafar meus problemas, eu estava ajudando as pessoas também, isso me deixou quase feliz, a não ser pelo fato de que eu não era corajosa como ele pensava e estava postando tudo sob um nome falso para que ninguém me descobrisse.
Eu iria responder o comentário dele, assim como respondia todos os outros, mas antes queria saber mais sobre ele e por isso cliquei para ver seu perfil.

 - É impressão minha ou você está me evitando hoje? - Anderson disse por trás de mim.
Gelei na cadeira e rezei para que a internet cooperasse comigo e não carregasse o que eu queria.


Um comentário:

  1. aiiii , ta de mais (¬¬' aff to parecendo aquelas patricinhas ) mas é verdade a história dela , porque a maioria das vezes é como nos sentimos.
    E eu adorei uma frase - + kkk acho que era do 1 ou 2 capitulo quando ela ainda ela bv ,tipo eu sou e tenho 13 anos e to nem ai! mas não é como se eu não imaginasse , e também outras coisas .... acontecerá quando tiver que acontecer valeeu !! :D

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